No congresso de make que eu fui na Beauty Fair, assisti à uma palestra ultra interessante da Isabella Borges Rathol, Farmacêutica Industrial, docente de cursos de Desenvolvimento de Formulações de Maquiagem em algumas instituições. Nele, ela falou sobre mitos e verdades da área da beleza. Achei a palestra inteira super interessante e ainda não tinha tido tempo de escrever um post para vocês.
Eis que recebo essa semana um email encaminhado pela minha mãe, com o assunto: “Batom da Morte”, e no corpo do email, a seguinte mensagem dela: “Na dúvida, testa todos os seus”. Eu já sabia desse email por causa da palestra da Isabella, mas fiquei imaginando o que eu faria se não soubesse – será que eu ia ter que testar meus (mais de) 70 batons?! Foi aí que resolvi escrever sobre isso para vocês. Entrei em contato com a Isabella, que prontamente me mandou materiais para este post (créditos à ela!).
Vamos lá.. o que diz o tal email?
– Quanto maior o conteúdo de chumbo, maior a chance de causar câncer.
– Eis um teste que você pode fazer: Ponha algum batom em sua mão; Com um anel de ouro esfregue sobre este batom; Se a cor do batom mudar para preto, então você sabe ele contém chumbo.
– Fique atenta para esses batons que supostamente têm uma fixação maior. Se seu batom fixa mais, é devido ao alto nível de chumbo.
O email ainda menciona diversas marcas, mas não cabe aqui dizer.
E é verdade?
Há mais de dois anos tem circulado pela Internet uma mensagem que coloca em dúvida os consumidores sobre a possibilidade de existência da substância chumbo em batons de diversas empresas em dosagens que provocariam danos à saúde.
Chumbo não causa necessariamente câncer! Chumbo é um metal pesado dificilmente expelido pelo nosso organismo e que causa, sabidamente, distúrbios mentais (dificuldade de aprendizado e convulsões) e psicológicos (loucura pura e simples). Câncer não é uma doença registradamente causada pela exposição prolongada a chumbo.
Em relação à mensagem, não há base científica que suporte a afirmação. Também não há base técnica para o teste sugerido, afirmando que o escurecimento do material evidencia a presença de chumbo. O teste não é válido. O traço preto que eventualmente pode ocorrer ao esfregar o anel no batom é o resultado de um processo de oxidação do próprio ouro, e isso pode acontecer também com outros metais. Assim, o traço preto não é o resultado de uma reação do ouro com o chumbo.
Normalmente a presença residual de chumbo, eventualmente presente em pigmento, está na ordem de ppm (Parte Por Milhão) e somente é possível de ser detectada por meio de instrumentação adequada (espectrometria de absorção atômica), não causando nenhum dano ao usuário deste tipo de produto. A quantidade máxima de chumbo que um desses corantes pode conter é de 20 ppm, ou partes por milhão. E a quantidade de chumbo registrada experimentalmente em batons é cem vezes menor.
O Brasil possui regulamentação específica que determina níveis de segurança para presença de resíduos de metais pesados (como o chumbo). As marcas disponíveis no mercado seguem esta legislação (óbvio que os batons “made in 25 de março”, e outros “suspeitos”, não).
Importante: é uma médica que assina o email: “Dra. Elizabeth Ayoub, médica biomolecular”. A tal médica realmente existe, mas é uma nutricionista e diz não saber como seu nome foi parar na versão nacional desse email.
Ou seja, sejam felizes, e usem seus batons livremente.
* Post feito com informações da Isabella Borges, declaração da Avon frente ao email, e alguns sites no google. * Foto: Limecrime.
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